terça-feira, 11 de abril de 2017

When it's time to go...

When it's time to go...

Quando é hora de ir
Tudo parece te empurrar...
Resiste
Agarra
Respira
Agarra mais um pouco
E a vida te puxa em direção oposta
Fazendo a corda apertar e rasgar os tecidos frágeis da pele da mão
Que insiste em segurar
O que já não está mais ali
Mas que em memória de peso Ainda existe
E geralmente, você segura
Quando deixar ir seria sempre a opção mais leve
A que machucaria menos
Ou deixaria de machucar...
Aaaah, quantas noites e quantas cordas a se largar
Só não se pode largar de si mesmo
Ou mesmo que se tenha marcado mais uma vez, corre lá e agarra de novo
Não a corda esticada daquilo que te faz doer
Mas o que restou de si mesmo em meio à tantas esperanças que insistem em continuar gritando...
Eu sou assim,
Sempre tive dificuldade em deixar ir
Projetos
Vidas
Dores
Pessoas
E amores.
Sempre ao pé do ouvido a crítica
Dos que não entendem um coração tão cheio de vida e crença no porvir, não importa o que houver.
As mesmas vozes que depois te parabenizam pela força em permanecer.
Grande erro este...
Ouvir.
Porque só sabe o real significado da marca que você trás nas mãos, a pessoa que segurou a corda.
A que deixou ir...
A que foi.
Um tanto paradoxal este coração...
Cheio de paixão por segurar e manter tudo aquilo que ama e acredita,
Ao que também aterrorizado pelas novas cordas que a vida apresenta.
Mesmas dores, diferentes vidas.
Novos cortes nas mãos calejadas,
Causados por ilusão de existências de cordas que na verdade não estão ali, mas dentro.
Aaaaah
Danem-se as cordas!
Não se pode segurar sozinho um futuro inteiro
A não ser o próprio...
O que é o futuro então? Além da ilusão dos que se esquecem de viver o agora porque estão assustados demais em repetir um passado de mãos saturadas de cordas apertadas??
Queria eu que o mundo ouvisse a música do silêncio como eu ouço!
Das coisas nunca ditas
Dos amores sufocados nas noites solitárias
Da paz sentida num quase "tanto faz" pra quase tudo que possa ser ou mesmo não ser.
Do coração que grita de longe e você ouve
E conecta
E suspira
E sofre.
Por que não?
Sabes já o que corações cheios de medo podem fazer: nada! E esse é exatamente o problema.
Olha aqui!
Ouve o meu silêncio...
Solta essa corda!
E em vez de aprofundar o corte da sua mão segurando a esticada linha do medo... segura então a minha mão! Que também sangra ainda.
Deixa que as feridas se curem uma a outra...
Não há nada mais belo do que se permitir acreditar... quando tudo em você é vulcão para partir... a mesma agonia que te empurra, te puxa de volta.
Aaaah esperança vadia!
Coração cheio de incessante fervor
E já não importam mais quantos cortes você tem ou vai ter nas suas mãos,
Elas são fortes, e você já sabe que elas vão sarar de qualquer jeito.
Mas e o buraco negro no céu dessa mente que nunca silencia?
Ao que tudo destrói e recria.
Eu queria poder ver em meio a todo esse escuro...
Nunca precisei, de fato.
Eis que minha mente é capaz de criar luz em meio a qualquer tempestade, entre as intempéries de qualquer noite escura...
As estrelas mais belas só podem de fato ser vistas, quando já não há mais sinal algum de luz.
Por que que tem que ser complicado?
Por que que tem que gerar textos sobre cordas
E escuros
E dores
E cortes
E amores?
Haveria de ser apenas natural...
Nada mais.
Palavras demais para o que em verdade não pode ser dito...
Sabe? Depois que finalmente larguei as primeiras cordas, não imaginava que depois de saradas as feridas, suas cicatrizes fossem doer sempre que eu houvesse que segurar ou agarrar qualquer outra coisa que fosse... cordas ou flores.
Vida louca
Estranha morte.
Talvez a beleza de todas as coisas esteja exatamente nessa noção de impermanência.
Mas almas como a minha, que queimam, que seguram pra sempre, que amam enfim, não podem simplesmente aceitar a finitude de todas as coisas... infelizmente.
É que eu tenho uma Alma ardente, como sempre afirmado. E que insiste em seguir.
E que mesmo não buscando, sempre encontra florescer nos caminhos que oferecem mais do que finais.
Por que que tem que ser tão difícil acreditar no que você sabe no mais profundo do seu coração?
Por que que esse sentimento que é capaz de abarcar o mundo inteiro não pode ser suficiente?
Onde foi parar a paz das cordas rompidas?
Então?!
É que é muito fácil ser uma fonte ambulante de esperança quando na verdade já não há mais planos ou sonhos a ansiar.
Difícil mesmo é lidar com o recomeço.
Mas esse de verdade.
Não aquilo de largar as cordas e nunca mais segurar nada, ha, isso é fácil fácil.
Mas permitir-se acreditar que novos laços não são cordas e realmente segurar de novo, aaaaaah... aí é que estão os quinhentos!
Eu não nego, tenho medo de cordas, laços, e já não carrego malas...
Mas seguro sim, mãos.
Mãos não cortam... mesmo quando pesam, às vezes.
Muita subjetividade para tentar expressar o óbvio.
Mãos, cordas, dedos e anéis...
Vozes cheias de promessas
Futuros e mais futuros que seriam lindos
Se não fossem apenas, futuros.
Sinto falta do agora!
Corte ele ou não.
Porque assim como Frida, doa a quem for, estou acostumada a doer.
Eles dizem que vão-se os anéis e ficam-se os dedos. Aaaaah
Amigo, mesmo que hão de ir também as mãos inteiras, ficarão a vontade e ousadia de uma Alma que sabe o que quer!
Ainda que sem as mãos
Segurando com suspiros que sejam!
Vidas inteiras.
De um conto sobre medos e dores quaisquer...
De um amor que pulsa tanto e que quer tanto, e que sonha tanto, que já não liga mais se ama sozinho, seguro ou cheio de estrelas.
Como pode ser?
Que ousadia... comparar tamanha imensidão com a marca de uma porra de uma corda velha e rasgada.
Aaaaaah
Como pode haver incomensurável estado de existência ocupando o mesmo espaço e tempo que a maior de todas as dores?
Humano demais?
Queria eu ir embora...
Pra um lugar nas estrelas
Voltar ao estado de buraco negro de múltiplas possibilidades e mistérios
Onde tudo isso permaneceria sagrado.
Longe das vicissitudes humanas e medos vadios...
Da mediocridade da arrogância.
Onde o mundo real não transforma nada em retorno qualquer, destruindo sonhos, obliterando esperanças.
Não, não, não há nada pessimista aqui, muito pelo contrário.
Já aprendi muito antes que o segredo é que, segurando ou não seja o que for, cordas, laços ou mãos, deve se tirar o foco do ponto onde você segura e olhar em volta, ou pro próprio balanço da vida, e se maravilhar e rir disso tudo.
Dai tudo fica leve e irrelevante.
O ponto, deixa de existir quando olhamos pra linha inteira.
E a linha em si nem existe, não é mesmo?
Que seja hora de ir então, tudo que houver de ir.
É mais fácil maravilhar-se com a inconstância da vida do que brigar com a mudança de cada vento.
E eu sou ventania.
É que as pessoas confundem o continuar acreditando com ter ilusões em situações específicas. Ah se elas soubessem...
Meu bem, é muito mais profundo do que isso!
O segurar ou largar são meras ilusões!
Acreditar em si não tem nada a ver com continuar segurando ou não.
Vai além...
É o sorriso suave no rosto de quem sabe que tudo em si é necessário.
É o continuar caminhando, sorrindo pra brisa, sem se preocupar se pela frente haverá isso ou aquilo porque o ir em frente em si é o que importa.
No fim, as lições dos calos dos pés descalços são mais importantes do que qualquer corte nas mãos por ter segurado qualquer coisa.
A quem que você queria enganar? Além de si mesmo.
Liberdade mesmo é saber que o amanhã não existe e não desperdiçar a oportunidade de cometer erros agora!
Minha maior felicidade é saber que sou livre pra cometer meus erros...
E da preciosidade dos meus agoras.
Esperar, é agarrar cordas.
Acreditar, é segurar mãos.
Amar? Aaaah, amar é amar... etereamente... com ou sem corpos... estando aqui ou indo, amar. No amor, não há o que possa ser segurado. Tcharan!
Porque transcende conceitos, medos, reconstrói, transbordas os copos, flutua além dos tapetes.
Seja o que for, é.
Por um fio
Segurando o mundo inteiro
Ao passo de um suspiro.
E tem que ir...
E foi.
E vai!

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